Esse modelo agrícola orgânico e natural, de circuito curto de produção, que elimina atravessadores, tem como base os valores da economia solidária, da autogestão e da ajuda mútua
Quando você vai ao supermercado, você tem o costume de parar para pensar de onde vem as frutas, verduras e legumes que compra? Será que existe uma opção que traga benefícios para quem compra e também para quem produz? A resposta para essa última pergunta é sim, e ela se chama CSA!
CSA é a sigla para Comunidades que Sustentam a Agricultura (Community Supported Agriculture, em inglês), um grupo de pessoas, que pode ser composto por produtores rurais e pessoas da sociedade, que trabalham juntas para produzir alimentos saudáveis.
Os agricultores cultivam os alimentos e os co-produtores (consumidores) são os responsáveis pelo custeio do cultivo, bem como auxiliar na organização do CSA. Mas o que mais significa esse modelo de produção de alimentos? É o que você vai descobrir ao longo deste conteúdo.
Você vai saber mais sobre:
O que é CSA?
O modelo CSA - Comunidades que sustentam a agricultura -, é um sistema econômico alternativo que conecta produtores e consumidores.
Nele, os consumidores, que também são chamados de co-produtores, fazem parte dos processos do plantio de alimentos e compartilham os riscos envolvidos com os agricultores.
Ao compararmos com o modelo tradicional de cultivo de alimentos, o modelo CSA valoriza mais o agricultor, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade dos alimentos, práticas no campo, ajuda na redução de desperdícios e na criação de consciência socioambiental.
Além disso, o CSA aproxima a relação das pessoas com quem produz o seu alimento, uma vez que é possível saber de onde ele vem, alinhando a expectativa de quem planta com quem consome as frutas, verduras e legumes.
Como surgiu o CSA?
A expressão “agricultura apoiada pela comunidade” foi dita pela primeira vez pelo agricultor suíço Vander Tuin, na década de 1980, nos Estados Unidos.
Influenciado pelas ideias da agricultura biodinâmica de Rudolf Steiner, Vander Tuin se juntou a mais dois amigos, Susan Witt e Robyn Van En, e criaram o primeiro modelo CSA, em Massachusetts, também nos Estados Unidos. Mas também se diz que o modelo foi criado no Japão, por Teikei.
Dica de leitura: Farms of Tomorrow, de Trauger Groh e Steven McFadden
De lá pra cá, surgiram milhares de comunidades que apoiam a agricultura em várias partes rurais e urbanas do mundo, incluindo o desenvolvimento do CSA no Brasil.
A ideia é ter um organismo agrícola autossustentado que seja capaz de produzir alimentos saudáveis para os consumidores e agricultores envolvidos no cultivo.
Como funciona o CSA?
No modelo de produção agrícola CSA, os co-produtores recebem toda semana as informações sobre como estão os cultivos dos alimentos, bem como a produção das cestas, que podem ser semanais ou mensais, dependendo da produção da fazenda.
Mas para ter essas informações é preciso fazer um investimento financeiro, um tipo de assinatura. Na teoria, os agricultores trabalham com base nos princípios da agricultura orgânica ou biodinâmica e em troca fornecem os alimentos cultivados em cestas sazonais, ou seja, elas variam conforme a época natural de cada cultivo - vamos abordar esse tópico da sazonalidade mais abaixo!
O modelo de CSA gera autonomia para os agricultores, já que eles conseguem ter capital para a manutenção de seus cultivos e não ficam sem aporte quando há eventos que podem prejudicar a colheita, como geadas e secas.
Isso significa que tanto agricultores quanto co-produtores compartilham os riscos do plantio. Mas em troca, o co-produtor tem total transparência da produção, participação na administração, garantia de alimentos de qualidade, bem como vínculo com os produtores e os ciclos naturais - além, é claro, de colaborar para uma sociedade mais sustentável por meio da alimentação.
Quais os benefícios do CSA?
Em um modelo tradicional de agricultura, os trabalhadores, principalmente os safristas (que são empregados contratados temporariamente – geralmente na época da colheita), acabam não tendo um trabalho constante.
Isso acontece porque nesse modelo quem mais ganha com a venda de alimentos são os intermediadores (normalmente mercados e distribuidores), e não os produtores, que ficam com uma parte muito inferior do valor que é obtido do consumidor final.
Já no modelo CSA, há uma estrutura de marketing de associação de risco compartilhado que permite um grau significativo de valorização do produtor, ou seja, quanto maior o apoio da comunidade, mais os agricultores podem ser valorizados e se concentrar na qualidade, reduzindo o risco de desperdício de alimentos.
Isso gera proximidade e faz com que os consumidores entendam os desafios da agricultura orgânica, reduzindo a necessidade de seguir um padrão imposto por uma cadeia de consumo e distribuição.
E por proporcionar prioridade aos cultivos sazonais e produzidos de modo sustentável (biodinâmico ou orgânico), o modelo CSA entrega um produto de qualidade, com maior frescor e vitalidade dos alimentos, e livre de substâncias nocivas como os agrotóxicos.
Se fosse possível esses co-produtores plantariam o seu próprio alimento, mas hoje em dia estão ocupados desempenhando suas funções que são de extrema importância para sociedade. Por isso, depositam sua cota de confiança em um produtor que escolhem para plantar o alimento da família.
É importante lembrar que todos os CSAs - Comunidades que Sustentam a Agricultura, são de consumo local, apoiando um produtor próximo. Qual sentido de comer uma maça orgânica que vem da Itália, gerando toneladas de CO₂ na camada de ozônio?
Modelo CSA vs Modelo Convencional
CSA | Convencional |
Plantio de acordo com a sazonalidade | Plantio de acordo com a demanda |
Plantação orgânica | Plantação com uso de agrotóxicos |
Cultivo em pequena/média escala | Cultivo em grande escala |
Remuneração justa aos produtores | Remuneração de acordo com o mercado |
Participação da comunidade | Comunidade não participa da produção |
Produto entregue em locais específicos | Precisa ir ao mercado para comprar |
Pontos de convivência (troca de ideias, receitas, compartilhamento dos mesmos princípios) | Sem troca de experiências, a compra é feita sem interação ou trocas com ouras pessoas |
Quais os diferenciais do CSA?
Por ser uma prática de desenvolvimento agrícola sustentável, a distribuição dos alimentos orgânicos é feita de forma direta ao consumidor, criando uma relação próxima entre quem produz os alimentos e quem os consome.
E ao trabalhar em parceria com os co-produtores, o agricultor pode fazer o seu plantio sem a pressão do mercado e do preço, ou seja, é possível se dedicar à sua produção, ao mesmo tempo em que garante aos co-produtores alimentos de qualidade. E estes sabem quem produz esses alimentos e onde eles são plantados e colhidos.
Quais as vantagens para o consumidor e o agricultor?
Entre as maiores vantagens de participar de um modelo de CSA é receber uma variedade de alimentos orgânicos dos mais variados tipos: dos já popularmente conhecidos (e orgânicos) às PANC (Plantas alimentícias não convencionais). Com isso, o consumidor se desafia a criar novas receitas e renovar a sua geladeira, uma vez que os alimentos são frescos e recém colhidos.
Além disso, ao optar por alimento de um modelo de CSA você também passa a ter uma alimentação mais saudável, uma vez que as frutas, verduras e legumes produzidos e colhidos são orgânicos, ou seja, sem nada de defensivos agrícolas.
Também há uma mudança em relação aos alimentos, já que se amplia o conhecimento sobre o que se consome, o que se planta, e como é possível ajudar e participar da colheita.
Mas entre as maiores vantagens do CSA é poder participar de uma comunidade que busca uma relação mais justa entre produtor e consumidor.
Respeito ao ciclo da natureza
Em uma comunidade que sustenta a agricultura o cultivo é o mais diverso. Por não precisar se preocupar com as demandas do mercado, os agricultores conseguem plantar e cultivar os alimentos sem agredir o solo e respeitando a sazonalidade das frutas, verduras e vegetais.
A diversidade no campo também colabora para a diversidade nas relações interpessoais, já que ao se alimentar do que é plantado na diversidade, passamos a ter pensamentos e ações diversas igualmente.
Além disso, o modelo CSA se conecta com os Sistemas Agro florestais, também conhecidos como SAFs ou agro florestas. O SAFs é uma forma de uso e ocupação do solo do qual árvores são plantadas e manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras.
Isso significa que o produtor planta e cultiva árvores e produtos agrícolas em um mesmo local, garantindo a melhora de aspectos ambientais e a produção de alimentos e madeira, melhorando também a regeneração do solo.
O agricultor também pode explorar a possibilidade de inserir PANC e alimentos nativos do Bioma no seu cultivo - estes são alimentos que, de uma certa forma, resgatam a nossa soberania alimentar e são mais adequados à nossa realidade de clima, bem como às nossas necessidades nutricionais.
O CSA na Fazenda Sta. Julieta Bio
Aqui na Fazenda Sta. Julieta, acreditamos que a mudança começa na terra. Por isso, trabalhamos com o modelo CSA, onde buscamos resgatar a conexão das pessoas com o alimento.
Por aqui, nos orgulhamos de:
Proporcionar um alimento saudável para a mesa das pessoas;
Trabalhar de forma sustentável do início ao fim da cadeia de produção;
Produzir alimentos orgânicos com sabor e qualidade, e que resgatam a cultura alimentar e que são fonte de saúde e bem-estar;
Aprender, questionar e a fazer diferente para, no futuro, poder dividir nossos aprendizados e conhecimentos;
Acreditar na reconexão do Agro com a Cultura;
Oferecer um ambiente de trabalho justo e agradável, com integração da equipe aos processos de desenvolvimento da fazenda;
Cuidar da biodiversidade local e ampliar os ecossistemas por meio dos trabalhos de horticultura orgânica e sistemas agroflorestais;
Ser uma opção para o consumidor, que tem nas mãos o poder de escolha e transformação.
Quer fazer parte dessa transformação? Venha fazer parte do modelo CSA da Fazenda Sta. Julieta. Seja um membro e tenha todas as vantagens de fazer parte da nossa comunidade.